sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Duas viagens em uma... parte 2

Depois de duas noites no Spinguera, decidimos que precisavamos de um pouquinho de ar-condicionado na nossa vida, e que o Guilherme precisava de mais distração...

Então procuramos o RIU Karamboa pra passar o resto do fim de semana na Bubista...

Na verdade, a ideia surgiu depois da primeira noite de calor no Spinguera, então durante nosso passeio pelas praias pedimos que o motorista passasse no RIU pra fazermos as reservas...

Péssima idéia... fomos barrados no portão... não adiantou explicar que queriamos fazer reservas, que queriamos vir passar o fim de semana, nada... o vigia e a moça do front desk que ele consultou, ambos caboverdianos, se recusaram terminantemente a deixar que entrassemos, e simplesmente me passaram um telefone em outra ilha pra que eu fizesse as reservas. Do próprio portão eu liguei, pouco depois de quatro da tarde, e ninguem atendia... Confrontada, a moça do front desk simplesmente disse que eu tinha de ligar no dia seguinte, que ela nada podia fazer pra ajudar... o que, óbviamente, era mentira...

No dia seguinte consegui falar com o tal telefone, e fui muito bem atendido. Em cinco minutos tinha reservas no hotel. Questionada, a moça informou que eu poderia sim ter feito as reservas em pessoa.

Chegamos na sexta-feira, ai pelas 15:30h, pra fazer o check-in... por sorte, eu tinha impresso uma cópia da reserva que me enviaram por email, porque o vigia (outro cara) mais uma vez barrou e fez questão de checar com o front desk se esses alienigenas na porta eram mesmo "hóspedes em potencial"... e o RIU só perdendo pontos no meu conceito. A impressão que fica é que eles não tem interesse nos hóspedes "locais", impressão que o motorista do nosso passeio no dia anterior reforçou.

Finalmente, chegamos pro check-in... claro, sendo brasileiros somos novidade no local, fato evidenciado pelo interesse dos funcionários, que quase que exclusivamente atendem excursões da europa ou da america do norte. Infelizmente, interesse não se traduz sempre em bom serviço. Cristian, que por qualquer motivo bizarro usa American Express, pergunta se eles aceitam AMEX no pagamento.

Resposta do despreparado de plantão: Aceitamos qualquer coisa, menos calote.

Tipo, eu estou errado por ficar um pouco ofendido com essa resposta? Serei eu tão sensivel, ou foi falta de treinamento do pessoal do RIU mesmo? E pra piorar, eles NÃO aceitam AMEX nem Mastercard, então o rapaz além de grosso é mal preparado. Quem é o responsável por essa birosca?

Em seguida, numa rápida troca entre os dois funcionários que nos atendiam em crioulo, eu consigo entender algo como "bla-bla-bla essa moça" do moço, e "não parece brasileira" na resposta da moça, referindo-se a Blenda.

Eu não consegui segurar a lingua e mandei um "Ami papia um poko de kriolu, Ami dja vive na Praia fazi um anu". O olho arregalado da mocinha já quase valeu meu fim de semana! Ela NA HORA perguntou "e o que eu disse?", que pra qualquer bom entendedor, é sinal de culpa no cartório... eu disse o que tinha entendido, e ela tentou se sair com um "não, estavamos dizendo que ela é bonita". Olha, eu nem quis discutir, mas bonita em crioulo é "bunitu" ou "sabi" (sabi é mais bom, belo, sei lá), e COM CERTEZA essas palavras não foram ditas...

Anyway, como eu tive de passar as diarias no meu cartão, e eu tenho direito à restituição dos impostos, pedi uma nota fiscal. Só consegui na tarde do dia seguinte. Os funcionários do balcão me enrolaram de todo jeito... primeiro não podia emitir imediatamente, depois eu precisaria de NIF (o CPF local, que NINGUEM do corpo diplomático tem, e nenhum dos hóspedes estrangeiros também). Apesar de absurdo (e óbvia mentira), consegui o NIF da Embaixada, e passei os dados. No dia seguinte NADA. Eu bati o pé e me recusei a sair de lá sem o recibo, e finalmente o pessoal acabou chamando a gerente, uma espanhola muito simpática, que não só disse que não precisava de NIF (qualquer documento funcionaria), como pediu desculpas pela demora e resolveu meu problema em menos de 2 minutos.

Agora, pra não parecer que foi uma estadia horrivel, deixa falar o que tem de bom...

O hotel é muito legal... pretende-se uma decoração etnica, mas passa mais por uma "África Does Las Vegas", mas eu achei legal, ainda que meio kitsch. Eu sempre gostei do Elvis gordo, entende? Tudo é muito novo e bem limpo.

A comida é legal, nada excepcional, mas de qualidade e em quantidades avassaladoras. O sabor é condizente com boa comida produzida em massa. A bebida é boa, ainda que os drinks sejam meio aguados... Eu também batizaria com água, porque senão seria impossivel... já pensou a desgraça, 1500 hóspedes bebaços? O pessoal dos restaurantes e dos bares é simpático e profissional (apesar de eu ter certeza que uma das moças do bar que nos atendeu tinha provado TODOS os drinks que sairam de lá no dia... controle de qualidade total!).

As opções de diversão são várias, de esportes aquáticos à tiro, passando por hidroginástica e dança, e o pessoal de animação pareceu muito bem preparado. Foi a área onde tinha mais mistura entre os funcionários, com africanos e europeus trabalhando juntos. O espaço para crianças é bem equipado e as "tias" são um doce. Guilherme ficou sem problemas, o que é raro em lugares novos.

A praia é muito bonita, bem limpa, e relativamente calma... Eu recomendaria mais espreguiçadeiras lá e na piscina, que também é maravilhosa, mas infelizmente tem alemão chegando as 6 da manhã e armando um mercado negro de cadeiras vergonhoso...

Infelizmente, o Gui já chegou no hotel molinho de insolação (a gente passeou MUITO ali pelo Spinguera) e acabou passando bastante tempo no quarto, mas eu classificaria a experiência como positiva, apesar do agravo no check-in... fiz uma reclamação na saida, novamente com a gerente espanhola, contando todos os percalços. Ela culpou a inexperiência do pessoal africano, caboverdianos, guineenses e senegaleses, pois o hotel abriu em dezembro passado e todos são novos. Eu culpo o RIU, que treinou mal, e a má vontade dos funcionários, que não absorveram bem. Enfim, valeu a visita, mas poderia, e deveria, ter sido MUITO melhor.

3 comentários:

Socorro Acioli disse...

A melhor parte foi:
Ami papia um poko de kriolu!

Helga disse...

Nossa, nem sei o que comentar! :D Heheh

Ok, fico com "tem alemão chegando as 6 da manhã e armando um mercado negro de cadeiras vergonhoso..."

Tipo, explica isso aí melhor! hheeh vc precisava molhar a mão do alemão pra ter acesso à cadeira? Lembra o DiRoma de Caldas Novas: ou chega cedo ou fica sem nada.

Gostei do texto: explicou dum jeito que só um brasileiro poderia explicar a outros brazucas. :)

Ken disse...

Interessante. Eu sou Britanico mas falo um pouqinho de Portugues. Uma coisa que me interessou bastante, O que um brasileiro esta fazendo em cabo verde? haha. fiquei curioso.

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