quinta-feira, 11 de junho de 2009

África, ame-a ou deixe-a! (or not!)

Brasileiro é BEM chato... eu sou o primeiro a admitir isso... a gente reclama mesmo, muitas vezes sem razão...

Mas GRAÇAS a essa caracteristica nossa, no Brasil foi se desenvolvendo uma cultura de serviço, que AOS POUCOS, está se civilizando e começando a respeitar os direitos do consumidor. (Menos na NET... a NET continua um horror.)

Infelizmente, eu tenho notado duas coisas aqui na África, tanto nas minhas experiências pessoais como observando as experiências de outras pessoas, notadamente em Angola, através do Diário da África e do Aerograma, e um pouco de Moçambique, com o pessoal do Ta Puto? Vai pra Maputo!

A primeira é que o cliente aqui é simplesmente o azarado que já pagou e não tem mais como escapar do péssimo serviço... Não me entendam mal, existem várias exceções, mas de maneira geral o atendimento é terrivel, do taxista ao garçom, do vendedor ao agente de turismo. Não se faz esforço algum pra acomodar o cliente, tentar atender suas necessidades, não existe interesse em melhorar o ambiente de atendimento e não de demonstra as vezes nem a bendita vontade de vender... é quase uma atitude de "tanto faz", que incomoda quem espera atendimento pontual e eficiente.

E a segunda é a falta de auto-crítica. Eu inicialmente achava que era uma caracteristica local, o que me causava um tremendo desconforto em tocar no assunto. Mas pelo que ando lendo, é mais generalizado na África portuguesa. Eu já encontrei a mesma atitude no Brasil, o tal do "não é nossa culpa" (a TACV é expert nessa). Mas felizmente é bem menos comum e a "mentalidade de mercado" está lentamente eliminando, enquanto aqui ainda é a comum. Eu NUNCA vi ninguem simplesmente chegar e dizer "a culpa foi minha" ou "eu cometi um erro". É um jogo de empurra e justificativas que chega a ser insuportável as vezes, até com gente mais próxima, e parece ser algo cultural mesmo, quase instintivo. Eu me pergunto se a nossa herança colonial comum tem algo a ver com isso.

O problema maior, porém, é que não se deve falar nisso... pois quando a gente critica, é o branco chato (EU!), o colonizador que voltou (no caso do Afonso, do Aerograma), ou o brasileiro que está lá só pra explorar a África (O Júnior, do Diário). Eu sofro menos com isso, porque tenho menos visitantes, já que meu blog era inicialmente mais pra manter contato com família e amigos e tem um tom mais pessoal, e até porque de maneira geral eu sou bem elogioso de Cabo Verde, que pra mim é um dos melhores lugares de se viver na África, mas observo com tristeza alguns dos comentários que os outros blogs da África que eu acompanho recebem... Eles preferem deixar passar vários deles... Eu prefiro ler e apagar pra não ter raiva(ei, alguns menos virulentos eu até deixo passar e respondo)... mas fica a pergunta:

Sem aceitar críticas, nem ter auto-crítica, dá para ter qualquer esperança de melhorar?

A postura geral para com os brasileiros é "você também era colônia, então o que você sabe?" , enquanto com o português é aquela coisa de rechaçar o antigo colonizador. Fora quando não mandam um slogan bem batido, como o do título do post. Porque se não for pra elogiar, melhor calar a boca! Mas parece que o pessoal não entende que nós estamos aqui (ou lá em Angola) pra viver, e que se a gente critica é porque criticaria a mesma coisa no Brasil ou em Portugal. Mas paciência... se conselho fosse bom, a gente vendia, né?

2 comentários:

Neda disse...

Para entender como funciona a negação da culpa:

Outro dia eu vi que a Carla havia colocado os lençois limpos em cima dos sapatos, coloquei imediatamente da roupa suja e disse para pegar outros, que sapatos estão sujos da rua e que agora os lençois também. Hoje ocorreu o seguinte diálogo.
- aqueles lençois que (pausa) você (eu) colocou na cesta é pra por na máquina junto com os do Gui?
- sim, Carla, os lençois que você colocou em cima dos sapatos devem ser colocados na máquina.
Este é apenas um de muitos exemplos e todos os estrangeiros já perceberam há muito tempo essa atitude.

Helga disse...

Acho que a frase lá pro fim do post ficaria melhor se fosse "criticamos aqui como criticaríamos em qualquer outro lugar do mundo", simplesmente porque há o bom senso.
Acho que o Brasil está melhor pelo TANTO de ISO 9000 rolando por aí. Para poder exportar e receber reconhecimentos do exterior tem de se adequar às exigências (como as FRESCURAS da nossa ótima carne bovina (principalmente), pela União Européia).
O resultado? Produtos e serviços de qualidade internacional.
E se alguém quiser ver que o negócio é assim em qualquer lugar do mundo vide o blog Eu abraçava tu e o holandês em http://euabracavatueoholandes.blogspot.com/2009/06/o-top-5-de-paris.html