sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

They, the people...

Bom, depois de falar das estradas, nada mais justo que falar das pessoas, né?

Fazendo a matemática, eu notei que eu nunca estive nos EUA durante um governo republicano... coincidência ou não, minha impressão dos americanos sempre foi positiva. Talvez se eu tivesse visitado durante a era Bush fosse diferente, mas nos períodos Clinton e Obama, os dois únicos presidentes negros dos EUA, o país todo parece mais relaxado, mais calmo.

Tem também o fato de ter morado no interior, nada contra os guetos étnicos, as `hoods e os barrios das grandes cidades, mas pra mim o "american way of life" de verdade é o das pequenas cidades, particularmento do meio-oeste. É meio que o americano de filme, entende? Eu sou um bicho urbano, e não conseguiria viver longe de um grande centro por muito tempo, mas sei apreciar o espírito da coisa...

Meu verdadeiro motivo pra viajar pros EUA era que eu queria visitar minha familia hospedeira, que eu apesar de manter contato, não via a quase 12 anos... e foi muito legal chegar na cidadezinha onde eu morei, ou na cidade onde minha irmã mora hoje, e ver que apesar de muito ter mudado, o feel de cidade pequena era o mesmo, e eu ainda conseguia me sentir em casa. Foi legal demais ver a Neda e o Gui se entendendo com minha familia americana, como se já se conhecessem a séculos. Sentar na sala da minha irmã, ou na cozinha dos meus pais, e contar histórias e rir das maluquices da viagem, como se eu tivesse ido embora só uma semana antes, foi sensacional.

Os americanos são um povo estranho... eles conseguem ser totalmente extremistas, pra direita OU pra esquerda, mas ainda assim abraçam uma variedade de idéias e opiniões que dificilmente se vê fora de lá. É muito fácil ver duas pessoas com opiniões políticas radicalmente diferentes sentados numa mesa tomando uma cerveja e simplesmente concordando em discordar. Depois do fim do regime Bush, é até aceito existir oposição e correntes discordantes, sem que se cogite fazer acusações de traição!

Eu e meu irmão hospedeiro, o Steve, somos um bom exemplo... Eu sou quase um libertário na maioria das coisas, e ele é o cara doido que comprou terras numa montanha do Colorado e estocou mantimentos e munição na época do bug do milênio. Mas nós dois somos fâs de cinema "non-sense" e adoramos "Shauw of the Dead". Graças a uma dica minha ele está louco pra ver "Goodbye Lenin"! E ambos concordamos que é meio loucura os EUA solicitarem todos os lotes de vacinas pra H1N1 de laboratórios chineses, ainda mais quando quem recebe vacina primeiro são os militares! O Steve questiona os desdobramentos estratégicos, já eu me preocupo por que isso tem a maior cara de receita pra um grande "Zombie Outbreak"!

O grande problema acaba sendo porque o americano é muito bitolado... Na verdade isso nem chega a ser um problema, fora pra nós, brasileiros, que somos acostumados com o "jeitinho" pra tudo. É bem difícil convencer um americano a quebrar as regras, mesmo que um pouquinho, e nisso eles são sim um pouco limitados. Mas as regras existem, e a gente devia tentar ver as coisas pelo lado deles também. Mas quando a gente se acostuma com isso, fica bem mais fácil negociar. Na verdade, com uma boa lábia e um pouco de "pensamento lateral", não teve quase nada que a gente não conseguiu fazer nos EUA, mesmo quando era um pedido pouco ortodoxo (móveis extras no quarto do hotel, liberar o Gui num passeio no parque de diversões, alterações num prato num restaurante ou simplesmente pedindo que lavassem a mamadeira do menino).

E a simpatia das pessoas na rua me supreendeu... do pessoal da imigração, que são o terror dos brasileiros, mas conosco foram um doce, à policiais em Nova York, que simplesmente puxaram papo e quando eu vi estavamos conversando sobre a copa 2014 no Rio! Era coisa de começar um papo num táxi, rolar um mini-tour e o taxista não querer cobrar a corrida (claro que eu paguei mesmo assim). O Guilherme era campeão em "ganhar" as pessoas, do nada... eu contei 5 ou 6 ocasiões diferentes, em pelo menos 4 cidades, em que simplesmente DERAM coisas pro moleque... de brinquedos à comida. Chegar num parque (Candyland) e não cobrarem a entrada dele, apesar dele ter idade pra pagar! Deve ser porque ele é fofo, porque quando eu morei lá, nunca me deram nada!

Anyway, pra mim, no fim, valeu a pena o dinheiro gasto não porque a gente viajou muito, ou viu muita coisa (e olha que vimos), mas porque a Neda, que tinha lá suas reservas com os EUA e os americanos, terminou a viagem encantada e com impressão super positiva, ainda que achando os americanos meio estranhos... E eles são, mas estranhos simpáticos :) E o Guilherme até hoje pergunta dos primos George e Emma :)

7 comentários:

Alice Mânica disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Alice Mânica disse...

João, estou adorando seus relatos. Este ano também, depois de 14 anos, voltei aos EUA. Ainda não foi pra visitar minha host family (essa viagem tá programada pro ano que vem), mas foi a primeira viagem que eu e o Beto fizemos pro exterior. Também fomos muito bem tratados por todos, a cortesia e a gentileza dos americanos foram boas surpresas. E não era aquela coisa falsa de querer forçar amizade, era educação e boas maneiras mesmo...
Que bom que a Neda e o Gui também gostaram do passeio. E lendo o post anterior, sobre a viagem de carro, estou pensando num roteiro "alternativo" de Chicago a St. Paul... vamos ver...

Helga disse...

You lost me at black Clinton. What???

Hhahahahahaah tu não vai querer se comparar o fofo do Guilerme, né!?! :D Com a licença da D. Neda, mas é que o Guilerme é um modelo mirim (já disse a vcs antes: cadê o book fujioka do menino?

Si, parece que a viagem valeu mesmo. :) D. Neda dirigiu também?

Neda disse...

Sim! Eu dirigi também. Sei João precisava de um descanso, mas acho que ele ficou mais preocupado com a possibilidade (real) de eu pisar no freio com o pé esquerdo. Além do mais seu João enjoa quando não está ao volante então tem que ser tudo muito controlado.

Você não sabia que o Clint foi o primeiro presidente negro dos EUA? hehehehehehehehe assunto muito bom pra conversar com o Cris.

Helga disse...

Enjoar quando não está ao volante parece papo de viciado em direção, hein. Eu ficaria de olho, just in case.

Tenho até medo do que o Cris teria a dizer sobre isso.

Angelo disse...

nao entendi do black clinton tambem...

João Marcelo disse...

Ângelo,

Eu diria "pergunte ao Cris", mas vc não deve conhecer o Cris :P

O pessoal brinca que o Clinton era "o primeiro presidente negro dos EUA" porque o cara era cheio das manhas... do sul, charmoso, papo bom, tocava jazz, pegava mulher, entende? Tipo, "men wanted to be him, women wanted to be WITH him". O cara conseguiu pegar mulher na Coreia do Norte! Entrou lá e saiu com duas! Clinton rules :P

E quando vc compara ele com o Bush Jr. então, fica até mais evidente...