Eu tive muitos casos, em Portugal e em Cabo Verde, em que parecia que, apesar de meu interlocutor e eu estarmos falando a mesma lingua, a comunicação simplesmente travava... era uma coisa bizarra, mas que abriu meus olhos pra diferença não só do português falado, mas para as diferenças nos filtros culturais dos três paises.
Chegando na Argentina, eu já sabia que ia ter problemas... enquanto meu inglês sempre foi muito bom, meu espanhol sempre foi funcional. Apesar de ter estudado e conseguir ler, ver TV e manter uma conversa, não é algo natural pra mim. Enquanto eu ia pegando o vocabulário daqui, e aprendendo as expressões do dia a dia, tinha sempre o cuidado de ter certeza que as pessoas me entendiam bem, e que eu tinha entendido tudo. Hoje, ainda bem, eu já estou BEM mais confortável.
Ai semana passada me ligam do Banco, no trabalho. Era sobre os cheques do Consulado.
A moça reclamava porque eu fazia os cheques e colocava PORTADOR no campo "Pagável a". Dizia que a lei mandava que eu colocasse o nome da pessoa, ou deixasse em branco.
Eu estranhei, e checando a lei, não fala nada disso. Discuti com a moça, chamei a atenção ao fato que nossos cheques sempre sairam assim, e PORQUE agora era um problema? Ela, obviamente, não soube explicar. Queria que mandasse em branco ou em nome do continuo. Nenhuma das duas opções é aceitavel, porque os cheques são contabilizados e depois ia ser um pé no saco explicar o porque de milhares de dólares em cheques sairem em nome do continuo, ou simplesmente em branco, onde QUALQUER nome pode ser inserido. Vai que o Fernandinho Beiramar acha um cheque perdido nosso!
Batemos o pé e ela foi procurar ua opção. Ai me liga e propoe que mande nominal assim:
CONSULADO DO BRASIL/NOME DO CONTINUO
Não ajudava muito, mas o chefe acabou aceitando. Quando eu fui ligar pra moça do banco, ela me pede pra esperar, porque estava esperando uma resposta de Buenos Aires...
10 minutos depois, muito constrangida, a moça me diz que não precisa mudar, mas que de agora em diante, escrevesse sempre "AL PORTADOR".
É mole?
domingo, 6 de março de 2011
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